19 de mar. de 2007

As diferenças dos humanos e bichanos em "Bergamotas ao Sol" de Jaque Machado

Bergamotas ao Sol

Vinícius de Morais certa feita disse que aprendeu mais com os animais que conviviam juntos no seu quintal do que com os homens. Partindo do princípio de que o ser humano possui na racionalidade o caracter que o põe um patamar acima do resto do mundo “animalia”, o que Vinícius poderia aprender com animais privados da ratio que não aprendeu com os homens?

Há alguns dias apareceu, com a vida por um fio, uma gatinha aqui em casa. Naquela “pobre do bichinho!”, “não podemos deixar morrer!”, acabamos adotando o animal. Colocar comida, remediar, limpar e abrigar, foi o que fizemos. Além de olhar o bichinho e ficarmos cativados, talvez pela sua vulnerabilidade, observamos que alguém mais também já o tinha adotado, desconfiamos que já estavam convivendo há alguns dias já. O que ocorre é que aqui em casa há um labrador, um cachorro disposto, alegre e feliz que sempre chama muito atenção de todos. Um amigão de verdade! Sempre fazendo festa e trazendo um agrado na boca quando se chega no pátio. Bem, o que aconteceu foi que o labrador, mesmo sendo um macho, “adotou” a gatinha. Ele cuida dela, brinca, lambe, dá carinho, ensina, e mesmo sem leite, dá de mamar. Vejam bem, um gato e um cachorro, amigos.

Voltando uma semana no tempo, tive a oportunidade de assistir o filme “Babel”, do mexicano Alejandro González; o filme narra a história de pessoas de inúmeros e distantes lugares do mundo conectadas por um incidente trágico ocorrido em função de uma arma. Cada núcleo mostra personagens de países diferentes, raças diferentes, culturas diferentes, de línguas diferentes. O que há no filme, é um realismo seco, chocante, drástico. Um aviso de frames com um leve gosto amargo de realidade. Quem viu “Babel” sentiu o mesmo gosto na boca. A alegoria da história da Torre Babel, conta, segundo o Antigo Testamento (Gênesis 11,1-9), que ela foi construída na Babilônia pelos descendentes de Noé, com a intenção de eternizar seus nomes. A decisão era fazê-la tão alta que alcançasse o céu. Esta soberba provocou a ira de Deus que, para castigá-los, confundiu-lhes as línguas e os espalhou por toda a Terra. Mas esta alegoria diz mais: revela que deixaram os homens iguais, de compreenderem-se entre si, por apenas não falarem a mesma língua. Desta forma, lógicamente, diz que não são capazes de utilizar a razão para compreender uns aos outros, e nem com ela são capazes de transpor a barreira da linguagem e da diferença. Os homens diferentes não se entendem, isto é fato, isto é generalidade.

Bergamotas ao sol, eu entendo o que Vinícius quis dizer ao ver o que aconteceu aqui em casa com os animais. Um gato e um cachorro, espécies diferentes, de linguagens diferentes, um ensinando o outro. Um dando ao outros o que na língua deles eu não sei o que significa, se é que significa algo, mas que na nossa língua chamamos de amor. Algo que talvez por serem tolhidos de racionalidade simplismente lhes é instintivo. Pior nós, racionais, que negamos isto.Acho que estamos um patamar acima mesmo...NOOOOT!

pescado do mofovirtual

Um comentário:

Jaque Machado disse...

Só tu mesmo Pablito para ler os meus textos!!!! hehe

Mas a foto ficou massa!