20 de abr. de 2008

MANIFESTO GNU - escrito por Richard Stallman em 1985

O Que é o GNU? Gnu Não é Unix!

GNU, que significa Gnu Não é Unix, é o nome para um sistema de software completo e compatível com o Unix, que eu estou escrevendo para que possa fornecê-lo gratuitamente para todos os que possam utilizá-lo1. Vários outros voluntários estão me ajudando. Contribuições de tempo, dinheiro, programas e equipamentos são bastante necessárias.

Até o momento nós temos um editor de textos Emacs com Lisp para a escrita de comandos do editor, um depurador de código-fonte, um gerador de compiladores compatível com o yacc, um link-editor e em torno de 35 utilitários. Um shell (interpretador de comandos) está quase completo. Um novo compilador C otimizador portável já compilou a si mesmo e deverá ser liberado este ano. Um kernel inicial existe mas muitos recursos ainda são necessários para emular o Unix. Quando o kernel e o compilador estiverem finalizados, será possível distribuir um sistema GNU adequado para o desenvolvimento de novos programas. Nós usaremos o TeX como nosso formatador de textos, mas estamos trabalhando em um nroff. Nós também usaremos o X Window System, que é livre e portável. Depois disso, nós adicionaremos um Common Lisp portável, um jogo de Império, uma planilha eletrônica, e centenas de outras coisas, além de documentação on-line. Nós esperamos fornecer, eventualmente, tudo de útil que normalmente vem com um sistema Unix, e ainda mais.

GNU será capaz de rodar programas do Unix, mas não será idêntico ao Unix. Nós faremos todos os aperfeiçoamentos que forem convenientes, baseados em nossa experiência com outros sistemas operacionais. Em particular, nós planejamos adicionar nomes de arquivos longos, números de versão de arquivos, um sistema de arquivos à prova de falhas, autogeração de nomes de arquivos, talvez, suporte de vídeo independente do terminal, e talvez um sistema de janelas baseado no Lisp através do qual vários programas Lisp e programas Unix comuns possam compartilhar uma tela. Tanto C quanto Lisp estarão disponíveis como linguagens de programação de sistemas. Nós tentaremos suportar UUCP, MIT Chaosnet, e protocolos da Internet para comunicação.

GNU é inicialmente orientado para máquinas da classe 68000/16000 com memória virtual, porque essas são as máquinas mais fáceis de suportar. O esforço extra para fazê-lo rodar em máquinas menores será deixado para alguém que deseje utilizá-lo nelas.

Para evitar uma confusão horrível, por favor pronuncie a letra “G” na palavra “GNU” quando ela for o nome deste projeto.

Por que eu Tenho que Escrever o GNU

Eu acredito que a regra de ouro exige que, se eu gosto de um programa, eu devo compartilhá-lo com outras pessoas que gostam dele. Vendedores de Software querem dividir os usuários e conquistá-los, fazendo com que cada usuário concorde em não compartilhar com os outros. Eu me recuso a quebrar a solidariedade com os outros usuários deste modo. Eu não posso, com a consciência limpa, assinar um termo de compromisso de não-divulgação de informações ou um contrato de licença de software. Por anos eu trabalhei no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT para resistir a estas tendências e outras inanimosidades, mas eventualmente elas foram longe demais: eu não podia permanecer em uma instituição onde tais coisas eram feitas a mim contra a minha vontade.

Portanto, de modo que eu possa continuar a usar computadores sem desonra, eu decidir juntar uma quantidade de software suficiente para que eu possa continuar sem nenhum software que não seja livre. Eu me demiti do Laboratório de IA para impedir que o MIT tenha qualquer desculpa legal para me impedir de fornecer o GNU livremente.

Por que o GNU será Compatível com o Unix

Unix não é o meu sistema ideal, mas ele não é tão ruim. Os recursos essenciais do Unix parecem ser bons recursos, e eu penso que eu posso fornecer o que falta no Unix sem comprometê-lo. E um sistema compatível com o Unix seria conveniente para muitas pessoas adotarem.

Como o GNU Estará Disponível

GNU não é de domínio público. Qualquer um terá permissão para modificar e redistribuir o GNU, mas nenhum distribuidor terá permissão para restringir a sua nova redistribuição. Ou seja, não será permitida nenhuma modificação proprietária (18k caracteres). Eu quero ter certeza de que todas as versões do GNU permanecerão livres.

Por que Muitos Outros Programadores Desejam Ajudar

Eu encontrei muitos outros programadores que estão excitados quanto ao GNU e querem ajudar.

Muitos programadores estão descontentes quanto à comercialização de software de sistema. Ela pode trazê-los dinheiro, mas ela requer que eles se considerem em conflito com outros programadores de maneira geral em vez de considerá-los como camaradas. O ato fundamental da amizade entre programadores é o compartilhamento de programas; acordos comerciais usados hoje em dia tipicamente proíbem programadores de se tratarem uns aos outros como amigos. O comprador de software tem que escolher entre a amizade ou obedecer à lei. Naturalmente, muitos decidem que a amizade é mais importante. Mas aqueles que acreditam na lei freqüentemente não se sentem à vontade com nenhuma das escolhas. Eles se tornam cínicos e passam a considerar que a programação é apenas uma maneira de ganhar dinheiro.

Trabalhando com e usando o GNU em vez de programas proprietários, nós podemos ser hospitaleiros para todos e obedecer a lei. Além disso, GNU serve como um exemplo para inspirar e um chamariz para trazer outros para se juntarem a nós e compartilhar programas. Isto pode nos dar um sentimento de harmonia que é impossível se nós usarmos software que não seja livre. Para aproximadamente metade dos programadores com quem eu falo, esta é uma importante alegria que dinheiro não pode substituir.

Como Você Pode Contribuir

Eu estou pedindo aos fabricantes de computadores por doações de máquinas e dinheiro. Eu estou pedindo às pessoas por doações de programas e de trabalho.

Uma conseqüência que você pode esperar se você doar máquinas é que o GNU irá rodar nelas mais cedo. As máquinas devem ser sistemas completos, prontos para uso, e aprovadas para utilização em áreas residenciais, e não devem necessitar de sistemas sofisticados de refrigeração ou energia.

Eu encontrei muitos programadores dispostos a contribuir em tempo parcial com o GNU. Para a maioria dos projetos, este trabalho distribuído em tempo parcial seria bem difícil de coordenar; as partes escritas independentes uma das outras não funcionariam juntas. Mas para a tarefa em particular de substituir o Unix, este problema não existe. Um sistema Unix completo contém centenas de programas utilitários, cada um documentado separadamente. A maioria das especificações de interface é garantida pela compatibilidade com o Unix. Se cada contribuidor puder escrever um substituto compatível para um único utilitário do Unix, e conseguir que ele trabalhe corretamente no lugar do original em um sistema Unix, então estes utilitários irão funcionar corretamente quando colocados juntos. Mesmo contanto que a Lei de Murphy crie alguns problemas inesperados, juntar estes componentes será um trabalho viável. (O kernel irá necessitar comunicação mais próxima e será trabalhado por um grupo pequeno e coeso.)

Se eu receber doações de dinheiro, eu poderei contratar algumas pessoas em tempo integral ou parcial. O salário não será alto para os padrões da indústria, mas eu estou procurando por pessoas para as quais construir um espírito de comunidade seja tão importante quanto ganhar dinheiro. Eu vejo esta como uma maneira de habilitar pessoas dedicadas a focar as suas energias totalmente no trabalho no GNU, sem que elas necessitem de uma outra maneira de ganhar a vida.

Por que Todos os Usuários de Computadores Serão Beneficiados

Uma vez que o GNU esteja pronto, todos poderão obter um bom software de sistema gratuitamente, assim como o ar2.

Isto significa muito mais do que simplesmente que todos economizarão o valor de uma licença do Unix. Isto significa que muita duplicação de programação de sistemas será evitada. Este esforço poderá ser utilizado em avançar o estado-da-arte.

O código-fonte completo do sistema estará disponível para todos. Como resultado, um usuário que necessite de modificações no sistema será sempre livre para realizá-las ele mesmo, ou para contratar qualquer programador disponível ou empresa para realizá-las. Os usuários não estarão mais à mercê do programador ou empresa que é dono das fontes e é o único que pode realizar mudanças.

Escolas poderão fornecer um ambiente educacional muito mais produtivo encorajando todos os estudantes a estudar e aperfeiçoar o código do sistema. O Laboratório de Computadores de Harvard tinha como política não instalar nenhum programa se as suas fontes não estivessem disponíveis ao público, e esta posição foi sustentada quando o laboratório se recusou a instalar certos programas. Eu fui bastante inspirado por eles.

Finalmente, o overhead de localizar o dono do software de sistema e o que se pode ou não se pode fazer com ele será aliviado.

Contratos que fazem as pessoas pagarem pelo uso de um programa, incluindo o licenciamento de cópias, sempre trazem um custo tremendo para a sociedade devido aos mecanismos obscuros necessários para se determinar quanto (ou seja, por quais programas) uma pessoa tem que pagar. E somente a polícia do estado tem poder para fazer com que todos obedeçam a esses mecanismos. Imagine uma estação espacial onde o ar tem que ser fabricado a um custo muito alto: cobrar cada "respirador" por cada inspiração pode ser justo, mas usar a máscara de gás com o medidor todo dia e toda noite seria intolerável mesmo para os que pudessem pagar a taxa do ar. E presença de câmeras de TV por todo lado para verificar se alguém tirar a máscara é ultrajante. É melhor manter a fábrica de ar com uma taxa por pessoa e eliminar as máscaras.

Copiar todo ou parte de um programa é tão natural para um programador quanto respirar, e tão produtivo quanto. Isto tem que ser livre.

Algumas Objeções Facilmente Refutadas aos Objetivos do GNU

“Ninguém vai utilizá-lo se for gratuito, porque isto significa que não se pode contar com nenhum suporte.”

“Você tem que cobrar pelo programa para pagar pelo suporte.”

Se as pessoas puderem em vez disso pagar pelo GNU mais pelos serviços em vez de obter o GNU sem o serviço, uma empresa cujo objetivo seja somente fornecer serviços para as pessoas que obtiveram o GNU gratuitamente será rentável3.

Nós temos que diferenciar entre o suporte na forma de verdadeiro trabalho de programação e simples ajuda. O primeiro é algo que ninguém pode realmente contar em receber do vendedor de software. Se o seu problema não é o mesmo de muitas outras pessoas, o vendedor irá ignorá-lo.

Se o seu negócio necessita contar com suporte, a única garantia é ter todas as fontes e ferramentas necessárias. Então você pode contratar qualquer pessoa disponível para resolver o seu problema; você não depende de nenhum indivíduo. Com o Unix, o preço das fontes coloca isto fora de questão para a maioria das empresas. Com GNU seria fácil. Ainda é possível que não haja uma pessoa competente em disponibilidade, mas este problema não será causado por contratos de distribuição. GNU não elimina todos os problemas do mundo, somente alguns deles.

Enquanto isso, o usuário que não sabe nada sobre computadores necessita de ajuda: fazer coisas para eles que eles poderiam facilmente fazer eles mesmos, mas eles não sabem como.

Este tipo de serviço poderia ser fornecido por empresas que vendem somente serviços de ajuda e reparos. Se for verdade que os usuários preferem gastar dinheiro e obter o produto com serviço, eles também estarão dispostos a comprar o serviço tendo obtido o produto de graça. As empresas de serviços irão competir em preço e qualidade, enquanto que os usuários não estarão amarrados a nenhuma delas em particular. Enquanto isso, os usuários que não necessitam do serviço poderão usar o programa sem ter que pagar pelo serviço.

“Você não pode atingir muitas pessoas sem propaganda, e você tem que cobrar pelo programa para pagar por isso.”

“Não tem sentido anunciar um programa que as pessoas podem pegar de graça.”

Existem várias formas de publicidade gratuita ou muito baratas que podem ser usadas para informar os usuários de computadores sobre algo como o GNU. Mas pode ser verdade que nós atingiríamos mais usuários de computadores com propaganda. Se isto for verdade, uma empresa que anuncie o serviço de copiar e enviar GNU por uma taxa, será bem-sucedida o suficiente para pagar pelos seus anúncios e mais. Desta forma, somente os usuários que se beneficiam dos anúncios pagam por eles.

Pelo outro lado, se muitas pessoas copiarem o GNU dos seus amigos, e tais empresas não tiverem sucesso, isto mostra que a propaganda não era realmente necessária para popularizar o GNU. Porque os defensores do mercado livre não deixam o mercado decidir quanto a isso?4

“Minha empresa necessita de um sistema operacional proprietário para obter uma vantagem competitiva.”

O GNU irá remover o sistema operacional do escopo da competição. Você não será capaz de obter uma vantagem nesta área, mas nenhum dos seus competidores será capaz. Você e eles terão que competir em outras áreas, e se beneficiarão mutuamente nesta área. Se o seu negócio é vender um sistema operacional, você não irá gostar do GNU, mas isto é problema seu. Se o seu negócio é outro, GNU pode poupá-lo de ser forçado para o negócio caro de vender sistemas operacionais.

Eu gostaria de ver o desenvolvimento do GNU suportado por doações de várias empresas e usuários, reduzindo o custo para todos5.

“Os programadores não merecem uma recompensa pela sua criatividade?”

Se alguma coisa realmente merece uma recompensa, é a sua contribuição social. Criatividade pode ser uma contribuição social, mas somente na medida em que a sociedade é livre para usufruir os resultados. Se os programadores merecem ser recompensados por criarem programas inovadores, da mesma forma eles merecem ser punidos se eles restringem o uso destes programas.

“Um programador não deveria poder pedir por uma recompensa pela sua criatividade?”

Não há nada errado em querer pagamento pelo trabalho, ou em procurar maximizar a renda de uma pessoa, desde que não sejam utilizados meios destrutivos. Mas os meios comuns hoje no campo de software são baseados em destruição.

Extrair dinheiro dos usuários de um programa restringindo o seu uso é destrutivo porque as restrições reduzem a quantidade de vezes e de modos em que o programa pode ser utilizado. Isto reduz a quantidade de bem-estar que a humanidade deriva do programa. Quando há uma escolha deliberada em restringir, as conseqüências prejudiciais são destruição deliberada.

O motivo pelo qual um bom cidadão não utiliza tais meios destrutivos para se tornar mais ricos é porque, se todos fizessem assim, todos nós nos tornaríamos mais pobres pela exploração mútua. Isto é ética Kantiana, ou a Regra de Ouro. Já que eu não gosto das conseqüências que resultam se todos restringirem a informação, eu tenho que considerar errado para alguém fazer isso. Especificamente, o desejo de ser recompensado pela minha criatividade não justifica privar o mundo em geral de tudo ou parte da minha criatividade.

“Os programadores não irão morrer de fome?”

Eu poderia responder que ninguém é forçado a ser um programador. A maioria de nós não conseguiria nenhum dinheiro pedindo na rua ou fazendo caretas. Mas nós não estamos, como resultado, condenados a passar nossas vidas pedindo na rua, fazendo caretas e passando fome. Nós fazemos outra coisa.

Mas esta é a resposta errada porque ela aceita a afirmação implícita na questão: que sem a propriedade do software, os programadores não têm como receber um centavo. Supõe-se que seja tudo ou nada.

O motivo pelo qual os programadores não irão morrer de fome é que ainda será possível para eles serem pagos para programar; somente não tão bem pagos como o são hoje.

Restringir a cópia não é a única base para negócios com software. Ela é a mais comum porque é a que traz mais dinheiro. Se ela fosse proibida, ou rejeitada pelos consumidores, as empresas de software iriam mover suas bases para outras formas de organização que hoje são utilizadas menos freqüentemente. Existem várias formas de se organizar qualquer tipo de negócios.

Provavelmente a programação não será tão lucrativa nas novas bases como ela é agora. Mas este não é um argumento contra a mudança. Não é considerado uma injustiça que caixas de lojas tenham os salários que eles têm hoje. Se com os programadores acontecer o mesmo, também não será uma injustiça. (Na prática eles ainda ganhariam consideravelmente mais do que os caixas.)

“As pessoas não tem o direito de controlar como a sua criatividade é utilizada?”

“Controle sobre o uso das idéias” é na verdade controle sobre as vidas das pessoas; e isto em geral torna as vidas das pessoas mais difícil.

As pessoas que estudaram a questão da propriedade intelectual cuidadosamente (como os advogados) dizem que não existe direito intrínseco sobre a propriedade intelectual. Os tipos de suposta propriedade intelectual que o governo reconhece foram criados por atos específicos de legislação para propósitos específicos.

Por exemplo, o sistema de patentes foi criado para encorajar inventores a divulgarem os detalhes de suas invenções. Seu propósito foi de ajudar à sociedade e não os inventores. Naquela época, o tempo de vida de 17 anos de uma patente era curto comparado com a taxa de avanços no estado-da-arte. Como patentes são um problema somente entre fabricantes, para os quais o custo e o esforço de um contrato de licença são pequenos se comparados com o custo de se montar uma fábrica, a patente não causou muito prejuízo. Elas não obstruíram a maioria das pessoas que utilizavam produtos patenteados.

A idéia de copyright não existia nos tempos antigos, quando os autores freqüentemente copiavam outros autores extensamente em trabalhos de não-ficção. Esta prática era útil, e era a única maneira pela qual o trabalho de muitos autores poderia ter sobrevivido pelo menos em parte. O sistema de copyright foi criado expressamente com o propósito de encorajar a autoria. No domínio para a qual ele foi inventado – livros, que só podiam ser copiados economicamente apenas pela prensa de uma gráfica – ele causou poucos danos, e não obstruiu a maioria das pessoas que liam os livros.

Todos os direitos de propriedade intelectual são apenas licenças concedidas pela sociedade porque se pensava, corretamente ou não, que a sociedade como um todo se beneficiaria da concessão. Mas, em qualquer situação em particular, temos que perguntar: nós estamos realmente melhor concedendo esta licença? Que tipo de atos nós estamos autorizando uma pessoa a cometer?

A situação dos programas hoje é bastante diferente daquela dos livros um século atrás. O fato de que o modo mais fácil de copiar um programa é de um vizinho para o outro, o fato de que um programa tem tanto código fonte quanto código objeto que são distintos, e o fato de que um programa é utilizado em vez de lido e apreciado, se combinam para criar uma situação em que uma pessoa que faz valer um copyright está prejudicando a sociedade como um todo tanto material quanto espiritualmente; esta pessoa não deveria fazer isso apesar ou mesmo que a lei permita que ela faça.

“Competição faz com que as coisas sejam feitas melhor.”

O paradigma da competição é uma corrida: recompensando o vencedor, nós encorajamos todos a correr mais rápido. Quando o capitalismo realmente funciona deste modo, ele faz um bom trabalho; mas os defensores estão errados em assumir que as coisas sempre funcionam desta forma. Se os corredores se esquecem do porque a recompensa ser oferecida e buscarem vencer, não importa como, eles podem encontrar outras estratégias – como, por exemplo, atacar os outros corredores. Se os corredores se envolverem em uma luta corpo-a-corpo, todos eles chegarão mais tarde.

Software proprietário e secreto é o equivalente moral aos corredores em uma luta corpo-a-corpo. É triste dizer, mas o único juiz que nós conseguimos não parece se opor às lutas; ele somente as regula (“para cada 10 metros, você pode disparar um tiro”). Ele na verdade deveria encerrar com as lutas, e penalizar os corredores que tentarem lutar.

“Não irão todos parar de programar sem um incentivo monetário?”

Na verdade, muitas pessoas irão programar sem absolutamente nenhum incentivo monetário. A programação exerce uma fascinação incrível para algumas pessoas, geralmente as pessoas que são melhores nisso. Não há falta de músicos profissionais que se mantém na carreira mesmo quando não há esperança de se ganhar a vida desta forma.

Mas na verdade esta questão, apesar de ser colocada freqüentemente, não é adequada para a situação. Não se deixará de pagar os programadores, apenas se pagará menos. Então a questão é, alguém irá programar com um incentivo monetário reduzido? Minha experiência mostra que sim.

Por mais de 10 anos, muitos dos melhores programadores do mundo trabalharam no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT por menos dinheiro que eles poderiam receber em qualquer outro lugar. Eles receberam vários tipos de recompensas não-financeiras: fama e reconhecimento, por exemplo. E criatividade também é um entretenimento, uma recompensa em si mesma.

Então a maioria deles saiu quando recebeu uma chance de fazer o mesmo trabalho interessante recebendo bastante dinheiro.

Os fatos mostram que as pessoas irão programador por outros motivos além de ficarem ricas; mas se for dada uma chance para, além disso, ganharem muito dinheiro, elas irão aceitar e pedir por isso. Organizações que pagam pouco se comparam fracamente com organizações que pagam bem, mas elas não têm que realizar seu trabalho de maneira ruim se as organizações que pagam bem forem banidas.

“Nós necessitamos de programadores desesperadamente. Se eles exigem que nós paremos de ajudar nossos semelhantes, nós temos que obedecer.”

Você nunca está tão desesperado que você tenha que atender a este tipo de exigência. Lembre-se: milhões para a defesa, mas nenhum centavo como tributo!

“Os programadores tem que ganhar a vida de algum jeito.”

Avaliando superficialmente, isto é verdade. Entretanto, existem muitas maneiras pelas quais um programador pode ganhar a vida sem vender o direito de uso de um programa. Este modo é comum hoje porque ele traz aos programadores e aos homens de negócios o máximo em dinheiro, não porque é o único modo de se ganhar a vida. É fácil encontrar outros modos de ganhar a vida se você deseja encontrá-los. Eis alguns exemplos.

Um fabricante lançando um novo computador irá pagar pelo porte do sistema operacional para o novo hardware.

A venda de serviços de treinamento, ajuda e manutenção também poderia empregar os programadores.

Pessoas com novas idéias poderiam distribuir programas como freeware, pedindo por doações de usuários satisfeitos, ou vendendo serviços de ajuda [no uso do software]. Eu encontrei pessoas que já trabalham desta forma com sucesso.

Usuários com necessidades parecidas podem formar grupos de usuários, e pagar anuidades. O grupo poderia contratar empresas de programação para escrever programas que os membros do grupo desejariam usar.

Todos os tipos de desenvolvimento podem ser financiados com um Imposto do Software:

Suponha que todos os que compram um computador tenham que pagar X por cento do preço como um imposto do software. O governo daria este dinheiro a uma agência como a NSF para gastar em desenvolvimento de software.

Mas, se um comprador de computadores realizar uma doação para o desenvolvimento de software por conta própria, ele pode abater esta doação do imposto. Ele pode doar para o projeto que ele escolher – freqüentemente escolhido porque ele pretende utilizar os resultados no final. Ele pode ter um crédito por qualquer doação até o total do imposto que ele teria que pagar.

O percentual do imposto poderia ser decidido por voto dos pagadores do imposto, proporcionalmente à quantidade de dinheiro sobre a qual eles serão taxados.

As conseqüências:

  • A comunidade de usuários de computadores suportaria o desenvolvimento de software.
  • Esta comunidade decidiria qual nível de suporte é necessário.
  • Usuários preocupados com quais projetos a sua parcela é gasta poderiam escolher por eles mesmos.

Em longo prazo, tornar os programas livres é um passo adiante na direção do mundo pós-escassez, onde ninguém terá que trabalhar duro somente para ganhar a vida. As pessoas serão livres para se dedicarem às atividades que são agradáveis, como programação, depois de gastar às 10 horas semanais de trabalho obrigatórias em atividades que são necessárias, como legislação, aconselhamento de famílias, reparo de robôs e prospecção de asteróides. Eles não terão necessidade de ganhar a vida programando.

Nós já reduzimos bastante a quantidade de trabalho que a sociedade como um todo tem que realizar para a sua própria produtividade, mas somente um pouco disso se transformou em lazer para os trabalhadores porque muita atividade não-produtiva é necessária para se acompanhar a atividade produtiva. As principais causas disso são burocracia e medidas bitoladas contra a competição. O software livre irá reduzir grandemente estes desperdícios na área de produção de software. Nós temos que fazer isso, para que os ganhos técnicos em produtividade sejam transformados em menos trabalho para nós.



[1] A escolha de palavras aqui foi descuidada. A intenção era de que ninguém teria que pagar pela *permissão* para usar o sistema GNU. Mas as palavras não deixam isso claro, e as pessoas freqüentemente interpretam que elas significam que as cópias do GNU têm sempre que serem distribuídas gratuitamente ou por um valor simbólico. Esta nunca foi a intenção; posteriormente, o manifesto menciona a possibilidade das empresas fornecerem o serviço de distribuição objetivando o lucro. Subseqüentemente eu aprendi a distinguir cuidadosamente entre “free” no sentido de liberdade e “free” no sentido de preço. O Software Livre (Free Software) é o software que os usuários tem a liberdade distribuir e modificar. Alguns usuários podem obter cópias sem custo, enquanto que outros podem pagar para receber cópias – e se a receita ajuda a aperfeiçoar o software, melhor ainda. O mais importante é que qualquer um que tenha uma cópia tenha a liberdade de cooperar com outras pessoas utilizando o software.

[2] Este é outro lugar onde eu falhei em distinguir entre os dois significados de “free”. A afirmação como está escrita não é falsa – você pode obter cópias do GNU gratuitamente, dos seus amigos ou da Internet. Mas a afirmação sugere a idéia errada.

[3] Várias dessas empresas existem hoje.

[4] A Fundação Para o Software Livre levanta a maior parte dos seus fundos do serviço de distribuição, apesar dela ser uma instituição de caridade em vez de uma empresa. Se *ninguém* escolher obter as cópias comprando da própria FSF, ela será incapaz de realizar o seu trabalho. Mas isto não significa que restrições proprietárias se justificam para forçar cada usuário a pagar. Se uma pequena fração de todos os usuários fizerem o seu pedido para a FSF, isto será suficiente para manter a FSF operacional. Por isso nós pedimos aos usuários para nos apoiarem desta forma. Você fez a sua parte?

[5] Um grupo de fabricantes de computadores recentemente ofereceu fundos para a manutenção do Compilador C do GNU.

Uma provinha do UBUNTU 8.4


Aqui está uma foto, ou "captura de tela" do note book com o UBUNTU 8.4 instaladito! Nela, estou tratando uma foto que o Glênio Rissio tirou de mim e do Roger na sala de imprensa do nono FISL que aconteceu em Porto Alegre entre 17 e 19 de abril. Está versão ainda é BETA, a final vai ser lançada semana que vem. Isso é que liberdade de conhecimento, antes mesmo do lançamento já podemos utilizar o sistema operacional e os programas livres. Não compreendo como que as pessoas não enchergam a potencialidade do software livre e continuam utilizando software proprietário. Vai entende né! acredito que isso seja o condicionamento que a cultura nos impõe de que o que é gratuito não presta, ou ainda a falta de informação com relação ao custo benefício do SL
Lá no FISL, conversando com outros usuários SL e palestrantes, obtive a info que ao adquirir qualquer computador, podemos solicitar ao vendedor a entrega do computador sem nenhum programa instalado. Aí é só instalar o linux através de CD (pergunte-me como conseguir).
Do contrário, ao comprar um computador com windows, ao desinstalá-lo, perdemos a garantia do windows e do hardware (computador físico).
Se solicitarmos a entrega do computador limpinho, não perdemos a garantia. Isto está nos papeis da máquina. é legal!!!
Liberte-se use Software Livre

19 de abr. de 2008

COOPERLINUX PARTICIPA DO FISL 9.0



A COOPERLINUX, cooperativa de assessoramento em software e hardware livre, fruto do projeto Incubadora Tecnológica da ATES – Associação do Trabalho e Economia Solidária, está desde quinta-feira (17), participando intensamente da nona edição do FISL - Fórum Internacional de Software Livre que acontece até o dia 19, na PUC/RS, na cidade de Porto Alegre.

A vinda dos Jovens, Lucas Alves, Karina Jobim, Vinicius Teixeira, Letícia Marques e Diego Weimar (foto), integrantes da COOPERLINUX, foi possível graças ao apoio logístico da TV Software Livre e do Projeto Brasil Local. Dentro das atividades em que os jovens estão participando, está a transmissão e produção dos conteúdos para a TV Software Livre das principais atividades do FISL 9.0 que estão sendo transmitidas pelo site www.tvsoftwarelivre.org.br.

Como o FISL é um evento de articulação do movimento software livre e destaca as principais tendências da tecnologia livre, foi estabelecido uma dinâmica de mutua colaboração na construção de todas as tarefas precisando sempre de ajuda voluntária. Sabendo disso, a COOPERLINUX tem contribuído no suporte para que as oficinas, os estandes e as palestras possam acontecer com a máxima organização e com a melhor assessoria em software e hardware.

O FISL acontece até sádado e no retorno a cidade de Pelotas, a COOPERLINUX fará reunião de avaliação da participação nas atividades e também para planejar o futuro quanto a atuação de Cooperativa.

26 de abril tem Install Fest na ATES


Cartaz feito no Inkscape (software livre) para o Install Fest da ATES. Atenção para quem está acostumado com o corel: é necessário que se introduza uma camada branca por trás da arte. O Inkscape utiliza o canal alfa que é transparente. Ao não colocar uma camada branca por trás ela fica num tom de cinza claro.

Festa da Helô no Hora Extra

Os Saltimbancos da Terra de Agahscar! Neste sábado, 19/04, às 16h30, na Praça Coronel Pedro Osório

4 de abr. de 2008

O tempo!

Sempre me dizem que faço muitas coisas juntas. Que saco essa gente! Eu quero é mais. Estou chegando a conclusão que a diversidade de tarefas que realizo não me impedem de faze-las com competência, mas o que me deixa deprê é que o blog fica sempre em segundo plano. Aliás, em décimo plano. Assim, porém, entretando, mesmo que eu tenha um reduzidissississimo tempo para produzir conteúdo para o blog, quero me esforçar ao máximo para a originalidade. Me ocorre isso, por que em Pelotas (caidade que eu moro) tem uma penca de produção cultural que não tem espaço nos meios de comunicação, ou tem pouco espaço. O CulturaLIVRE (esse blog), desde o seu início teve uma característica de fazer a "ajuntada" de informações e imagens que tangenciassem o tema da cultura livre em âmbito geral. Agora que adicionar uma característica que implementei nos outros blogs que tenho, onde publiquei meus TTCs, o de produzir conteúdos a partir da minha cuca! Estou inclinado a começar a produzir algo que possa até não ter tanta qualidade, mas que seja efetivamente conteúdo produzido por mim. O equilibrio entre a reprodução de conteúdos e a produção efetivamente original é o que representa acréscimo para a internet. então vamos trabalhar alemão!!!

2 de abr. de 2008

Presidente Lula manifesta interesse em estar no fisl


O Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje em Brasília que pretende participar da abertura do 9º Fórum Internacional Software Livre – fisl9.0, no dia 17 de abril, em Porto Alegre (RS). O Presidente recebeu nesta quarta-feira, da coordenação da Associação Software Livre.Org (ASL), o convite para o Fórum.
Lula afirmou que fará um esforço de agenda para estar presente na abertura do Fórum, reunindo outros compromissos no Sul do Brasil, neste período. O Presidente também falou sobre as ações do governo em relação aos programas de código aberto, destacando o Computador para Todos e a informatização das escolas públicas de todo o país.

O fisl é o principal fórum de discussão técnica, política e social sobre software livre no Brasil e na América Latina, em áreas como segurança, educação, economia, política, cultura e tecnologia. Durante o evento são realizados workshops, palestras, mini-cursos e mostra de negócios. O local também conta com espaço para Grupos de Usuários e Arena de Programação (evento semelhante ao desafio de matemática) para desenvolvedores, que competem na resolução de problemas em software.

Participaram da audiência os coordenadores da ASL, Sady Jacques, Gustavo Pacheco, Ricardo Fritsch, Mario Teza, e a vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Clarice Coppetti, o secretário substituto da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Rodrigo Ortiz Assunção, o presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Marcos Vinicius Mazoni, o presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, Renato Martini, o presidente da Empresa de Tecnologia da Informação da Previdência Social (Dataprev), Lino Roque Camargo Kieling, o Chefe de Gabinete Adjunto de Agenda do Gabinete Pessoal do Presidente da República e coordenador do Programa Brasileiro de Inclusão Digital, Cezar Alvarez, o presidente da Cobra Tecnologia, Sergio Rosa, entre outros representantes do setor de tecnologia.

Mais informações sobre o fisl no site www.fisl.org.br.

Sindicato lança o programa do 33º Congresso Estadual de Jornalistas

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS lança nesta tarde o programa oficial do 33º Congresso de Jornalistas, evento que vai se realizar em Santa Maria nos dias 13 e 14 de junho, preparatório ao Congresso Nacional, programado para agosto em São Paulo. As inscrições custam R$ 25 para estudantes sindicalizados, R$ 30 para estudantes não-sindicalizados, R$ 40 para sócios em dia com a Tesouraria e R$ 60 para público em geral. Para salvar a ficha de inscrição, clique aqui com o botão direito do mouse, e em seguida 'Salvar destino como'.

13 de junho de 2008 - sexta-feira

16h - Credenciamento
19h30min - Solenidade de Abertura
- 'A TV Pública no Brasil'
- Tereza Cruvinel, presidente da TV Brasil e ex-colunista do jornal O Globo
Mediação - Celso Schröder, vice-presidente da Fenaj
- Coquetel de boas vindas

14 de junho de 2008 - sábado

8h - Credenciamento
8h30min - Abertura
9h - 'Os Direitos e as Transformações no Mundo do Trabalho'
- José Dari Krein, filósofo, especialização em Economia Social e do Trabalho
- Magda Biavaschi, juíza do Trabalho
Mediação - Márcia Camarano, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS

10h20min - Coffee break

10h40min - 'Oportunidades no Mercado Jornalístico Gaúcho'
- Telmo Flor, diretor de redação do Correio do Povo
- Carlos Bastos, superintendente de Comunicação Social da Assembléia Legislativa
Mediação - Elisa Pereira, diretora do Sindicato dos Jornalistas do RS - Regional Santa Maria

12h - Intervalo para almoço

14h - 'As Perspectivas do Jornalismo Brasileiro no Século XXI'
- Carlos Dorneles, da Central Globo de Jornalismo
Mediação - José Carlos Torves, diretor da Fenaj

15h15min - 'Qualidade do Ensino de Jornalismo e Estágio Acadêmico'
- Valci Zuculoto, Departamento de Educação e Aperfeiçoamento Profissional da Fenaj
Mediação - Elisangela Mortari, coordenadora da Faculdade de Jornalismo da UFSM

16h - Assembléia da categoria e eleição dos delegados do Sindicato dos Jornalistas do RS para o Congresso Nacional em São Paulo.