1 de mai. de 2007

Design Social (do novo link do CulturaLIVRE "tanomeio")

Na década de 80 houve uma iniciativa interessante encabeçada pelo CNPq e liderada por Gui Bonsiepe (um dos grande pensadores do design social no mundo) no qual eu vi o design ser usado em uma região que realmente carente de projetos e desenvolvimento social, até porque sempre foi deixada de lado pelo governo federal (que apenas desenvolvia as duas grandes regioes do brasil): o Nordeste.
Eu acredito que muito mais que simplesmente ajudar uma ou mais pessoas - design social se faz atingindo milhares. Bonsiepe conseguiu. Produziu conhecimento, projetos de tecnologia vernacular, publicou livros e levou a palavra DESIGN para todo o Brasil, que até entao nao conhecia. Mas enfatizo: somente com a ajuda da Governo Federal e parceiros de pêso, estas açoes funcionam, sem elas o resultado nem sempre é o esperado.
Foi muito inspirador ver o Design sendo usado para produzir produtos vernaculares, de baixo custo, funcionais e culturalmente corretos para aquela populaçao que nao tinha as grandes industrias em seu contexto. Mas tinha a necessidade e a vontade de supera-la.
Isso é design social. É o correto - projetar equipamentos/produtos que possam, digamos, propriciar novas formas alternativas para a obtençao de energia, produtos que ajudem a cobater a seca (e ajudem a plantar), que ajudem nas atividades do pequeno produtor.
Enfim produto que até possa salvar sem-tetos do frio das madrugadas em SP, RJ - isso para mim, é design social - projetos pelos quais o designer soluciona uma necessidade junto com os Governos, Federal ou Estadual - afim de atingir muitas pessoas, em muitos lugares. Fazer o bem, sem olhar a quem.
Qualquer outra coisa, como assistencialismo, dar esmolas ou simplesmente fazer uma atividade social uma vez por mês - apesar de ser bastante louvável, para mim nao é design social, é caridade.
As pessoas nao precisam de assistencialismo, precisam de oportunidades, de produtos, de tecnologias que possam faze-la ter o seu proprio sustendo, ou seja, que elas sintam ter sua própria dignidade e cidadania nas maos.
E o design é uma das ferramentas para isso. Eu nunca tive duvidas, desde que tive um dos livros de Bonsiepe nas mãos. E li que a ausência do projeto de design (e das industrias) levaram as proprias pessoas a resolverem seus produtos e mecanismos de comunicaçao que apesar de problemas de design, eram funcionais.
Pensar sobre isso é um dos grandes desafios, ter massa critica e reflexiva sobre o que nos cerca, é estar preparado para a profissao e todas suas facetas - todos os dias.
Não menos que isso. Ler revistas bacanas, e pensar na Europa é o máximo - mas é preciso pé no chão, o Brasil precisa de pessoas que pensem nele, nao somente os politicos, mas também nós Designers - pessoas capazes de alterar a realidade com projetos e criatividade
Pense nisso.

Heleno Almeida - Designer, pós graduado em Propaganda e Marketing

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